Por: Alexandre de Oliveira
Com o avanço da agricultura regenerativa e da busca por sistemas mais sustentáveis, os biofertilizantes ganham cada vez mais destaque nas estratégias de manejo. Além disso, esses insumos, produzidos a partir de microrganismos ou substâncias orgânicas, oferecem uma alternativa eficiente, renovável e menos agressiva quando comparados aos fertilizantes químicos convencionais. Dessa forma, tornam-se aliados essenciais na construção de uma agricultura mais equilibrada e produtiva.
Neste artigo, você vai entender o que são biofertilizantes, como atuam no solo e nas plantas e, principalmente, como aplicá-los de forma estratégica para maximizar resultados e reduzir custos.
O que são biofertilizantes?
Biofertilizantes são produtos naturais elaborados com microrganismos vivos (como bactérias, fungos e leveduras) ou com materiais orgânicos fermentados, que fornecem nutrientes essenciais e estimulam a atividade biológica do solo. Em outras palavras, eles alimentam tanto a planta quanto a microbiota benéfica da rizosfera.
Dentre os principais tipos, destacam-se:
- Biofertilizantes líquidos fermentados (como os de Bokashi ou EM);
- Compostos enriquecidos com microrganismos benéficos;
- Produtos formulados com bactérias fixadoras de nitrogênio ou solubilizadoras de fósforo.
Benefícios agronômicos dos biofertilizantes
O uso correto de biofertilizantes pode trazer uma série de benefícios, como:
- Melhoria da fertilidade do solo a médio e longo prazo;
- Estímulo ao crescimento radicular e à absorção de nutrientes;
- Redução da dependência de insumos químicos sintéticos;
- Aumento da resistência das plantas ao estresse hídrico e doenças;
- Reequilíbrio da microbiologia do solo, favorecendo a biodiversidade.
Além disso, muitos biofertilizantes também contêm substâncias bioestimulantes, como hormônios naturais, que potencializam o desempenho fisiológico das culturas.
Como aplicar biofertilizantes de forma estratégica
Para que os biofertilizantes sejam realmente eficazes, é fundamental que sua aplicação seja planejada de forma integrada ao manejo da lavoura. Veja como fazer isso:
1. Conheça o solo e a cultura
A aplicação deve considerar o tipo de solo, o estágio fenológico da planta e as carências nutricionais específicas. Uma análise de solo detalhada é o primeiro passo.
2. Faça a aplicação no momento ideal
Biofertilizantes funcionam melhor em momentos de maior atividade radicular, como na germinação, na brotação ou após o transplante. Além disso, aplicar em dias nublados ou ao entardecer evita a degradação dos microrganismos por radiação UV.
3. Escolha a via de aplicação mais adequada
- Via solo: ideal para estimular a microbiota e melhorar a estrutura física;
- Via foliar: favorece a absorção rápida de nutrientes e atua como bioestimulante;
- Tratamento de sementes ou mudas: promove colonização precoce da rizosfera.
4. Combine com matéria orgânica
A presença de matéria orgânica no solo, portanto, potencializa o efeito dos biofertilizantes, pois serve de alimento para os microrganismos e, além disso, aumenta sua persistência e eficiência ao longo do tempo. Desse modo, cria-se um ambiente mais estável e fértil para o desenvolvimento das plantas.
5. Evite misturas com produtos incompatíveis
Biofertilizantes contêm microrganismos vivos. Por isso, não devem ser misturados com agroquímicos agressivos, como fungicidas sistêmicos, sem orientação técnica.
Casos de sucesso e ganhos observados
Diversas culturas têm apresentado respostas positivas ao uso estratégico de biofertilizantes, incluindo:
- Milho e soja: com maior enraizamento e vigor vegetativo, recuperação/atenuação de danos causados por insumos químicos utilizados no manejo convencional;
- Café: com plantas mais resistentes ao déficit hídrico e à infestação por nematoides;
- Hortaliças: com colheitas mais uniformes e melhor aproveitamento nutricional.
Em muitas propriedades, a introdução de biofertilizantes no plano nutricional resultou em reduções de até 30% na adubação química e, além disso, manteve a produtividade estável. Isso demonstra que, quando aplicados de forma estratégica, os biofertilizantes podem otimizar recursos, reduzir custos e promover um manejo mais sustentável.
Conclusão
Os biofertilizantes, portanto, não são apenas uma alternativa ecológica — além disso, representam uma estratégia técnica inteligente e viável para quem busca aliar produtividade, economia e sustentabilidade. Quando aplicados com critério e de forma contínua, eles transformam o solo em um ecossistema ativo e equilibrado, tornando-o mais vivo, resiliente e favorável ao desenvolvimento das culturas.
Portanto, incorporar os biofertilizantes ao manejo agrícola é mais do que uma tendência: é uma decisão estratégica rumo ao futuro do agro.
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