Por: Diro Hokari
Eles são invisíveis a olho nu, mas seus efeitos são visíveis em toda a lavoura. Os nematoides estão entre os maiores inimigos silenciosos da agricultura moderna. Presentes no solo, eles comprometem a saúde das raízes, afetam a absorção de nutrientes e, como consequência, reduzem drasticamente a produtividade das culturas.
Neste artigo, você vai entender o que são os nematoides, por que são tão prejudiciais e, acima de tudo, como adotar práticas sustentáveis para controlá-los de forma eficiente e duradoura.
O que são nematoides?
Nematoides são vermes microscópicos, com corpo alongado e cilíndrico, que vivem em diversos ambientes, especialmente no solo. Embora existam milhares de espécies — muitas com papel positivo na decomposição da matéria orgânica —, os fitoparasitas são os que mais preocupam o setor agrícola. Isso ocorre porque esses organismos se alimentam de tecidos vegetais, gerando prejuízos expressivos.
Ao penetrarem nas raízes, os nematoides interrompem o fluxo de água e nutrientes, comprometendo o desenvolvimento das plantas. Como resultado, observa-se queda na produtividade e maior vulnerabilidade a doenças secundárias.
Quais são os principais tipos de nematoides fitoparasitas?
Várias espécies atacam plantas cultivadas, porém três grupos se destacam pela frequência e agressividade:
- Meloidogyne spp. (nematoide das galhas): formam nódulos visíveis nas raízes, impedindo a absorção adequada de nutrientes;
- Pratylenchus spp. (nematoide das lesões): penetram nas raízes e provocam necroses e apodrecimento;
- Heterodera e Globodera spp. (nematoides de cisto): formam estruturas de resistência que permanecem no solo por vários ciclos produtivos.
Esses nematoides atacam culturas como soja, milho, algodão, café, cana-de-açúcar, hortaliças e frutíferas. Assim, mesmo infestações de baixa densidade podem causar perdas significativas.
Por que os nematoides são difíceis de identificar e controlar?
Uma das maiores dificuldades no controle dos nematoides é o diagnóstico. Em muitos casos, os sintomas nas plantas são confundidos com deficiências nutricionais ou estresse hídrico, o que atrasa a adoção de medidas corretivas.
Além disso, esses organismos:
- Têm alta taxa de reprodução;
- Afetam uma grande variedade de espécies vegetais;
- Formam estruturas de resistência no solo;
- E sobrevivem por anos na ausência de plantas hospedeiras.
Dessa forma, o manejo exige estratégias contínuas, combinadas e bem planejadas.
Como controlar nematoides de forma sustentável?
O controle químico não é a única alternativa — e, em muitos casos, nem mesmo a mais eficaz a longo prazo. Práticas sustentáveis, baseadas nos princípios da agricultura regenerativa e do manejo biológico, têm se mostrado altamente eficientes.
1. Rotação de culturas
Plantar espécies não hospedeiras interrompe o ciclo dos nematoides. Nesse sentido, o ideal é planejar a rotação com culturas que reduzam a população no solo e, ao mesmo tempo, promovam a saúde radicular.
2. Cobertura do solo e adubação verde
A cobertura com palhada ou com espécies de adubação verde, como crotalária e milheto, contribui significativamente para suprimir populações de nematoides. Além disso, essas práticas melhoram a estrutura do solo, aumentam a matéria orgânica e favorecem a biodiversidade microbiana.
3. Uso de agentes biológicos
Fungos e bactérias com ação antagônica aos nematoides podem ser introduzidos no solo. Dessa forma, competem por espaço e alimento, restabelecendo o equilíbrio da rizosfera e reduzindo a pressão dos patógenos.
4. Correção do solo e manejo da fertilidade
Um solo bem equilibrado em pH, com boa CTC e níveis adequados de cálcio, magnésio e matéria orgânica, é naturalmente menos propenso à infestação. Além disso, sistemas radiculares mais vigorosos suportam melhor os eventuais ataques.
5. Monitoramento e análise nematológica
A coleta de amostras de solo e raízes permite identificar as espécies presentes e, portanto, planejar estratégias específicas. Nesse cenário, a análise periódica evita surpresas no campo e contribui para decisões mais assertivas.
Saúde do solo é o melhor controle
Mais do que eliminar os nematoides, o objetivo deve ser construir um ambiente biológico equilibrado e resiliente. Quando o solo apresenta boa estrutura física e diversidade microbiana ativa, os organismos patogênicos encontram menos espaço para se desenvolver.
Investir em práticas sustentáveis de manejo traz benefícios que vão além da produtividade: aumenta a resiliência do sistema, reduz custos ao longo do tempo e, principalmente, contribui para a sustentabilidade da propriedade.
Conclusão
Os nematoides representam um dos principais desafios da agricultura brasileira. No entanto, com conhecimento técnico e manejo adequado, é possível minimizar seus impactos e restaurar a saúde do solo. A agricultura regenerativa e o uso de estratégias integradas mostram que é plenamente viável produzir mais e melhor, mesmo frente a desafios tão complexos.
Adotar um solo vivo e bem manejado é a base para o sucesso de qualquer sistema produtivo.
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