Minicurso: Identificação e Grupos de Nematoides

Por: Diro Hokari

A presença de nematoides fitoparasitas nas lavouras, muitas vezes, passa despercebida por longos períodos. Entretanto, seus impactos se acumulam silenciosamente, reduzindo o vigor das plantas e comprometendo a produtividade. Justamente por isso, a identificação de nematoides representa o primeiro passo para um controle mais eficiente. Assim que o diagnóstico é realizado, aumentam significativamente as chances de mitigar os danos e recuperar a saúde do solo.

Neste artigo, você vai entender como fazer a identificação correta dos nematoides, além de conhecer os grupos mais comuns que afetam a agricultura brasileira. Seja você estudante, técnico ou produtor, este minicurso oferece uma base prática e técnica para reconhecer os sintomas, interpretar sinais de campo e tomar decisões mais assertivas.

Por que a identificação de nematoides é essencial?

Mesmo sendo invisíveis a olho nu, os nematoides estão entre os principais inimigos ocultos das lavouras. Estima-se que, anualmente, bilhões de reais sejam perdidos em razão dos danos provocados por esses organismos. Eles atacam culturas como soja, milho, algodão, café, batata e diversas hortaliças.

Portanto, a identificação precisa da espécie é indispensável por dois motivos principais:

  • Cada grupo possui hábitos, hospedeiros e ciclos de vida específicos;
  • As estratégias de controle mudam conforme o tipo de nematoide presente no solo.

Além disso, é importante lembrar que os sintomas visuais em campo nem sempre indicam com precisão o que está ocorrendo. Por esse motivo, a análise laboratorial e o conhecimento técnico são complementares — e igualmente essenciais.

Principais grupos de nematoides fitoparasitas

A seguir, apresentamos os principais grupos de nematoides encontrados na agricultura. Entender suas características ajuda a orientar o diagnóstico e selecionar práticas de manejo mais eficazes.

1. Meloidogyne spp. (Nematoide das galhas)
Esse grupo causa galhas visíveis nas raízes, o que compromete a absorção de água e nutrientes. Frequentemente, é identificado em culturas como tomate, soja e cenoura. Sua presença é fácil de detectar visualmente, mas o grau de infestação exige quantificação laboratorial.

2. Pratylenchus spp. (Nematoide das lesões radiculares)
Ao penetrar nas raízes, esse nematoide causa necroses e escurecimento dos tecidos. Tais lesões, além de prejudicarem o crescimento, abrem portas para fungos e bactérias oportunistas. Por isso, sua detecção em campo é mais difícil e, geralmente, exige microscopia.

3. Heterodera e Globodera spp. (Nematoides de cisto)
Esses organismos formam cistos esbranquiçados visíveis nas raízes. Em geral, aparecem em soja, batata e beterraba. Sua resistência no solo é elevada, o que dificulta o controle, mesmo após rotação de culturas.

4. Rotylenchulus reniformis (Nematoide reniforme)
Embora cause menos deformações aparentes, seus impactos na produtividade podem ser severos. Como o diagnóstico visual é limitado, o uso de laboratório e microscópio é altamente recomendado.

5. Outros grupos relevantes
Nematoides como Ditylenchus spp., Helicotylenchus spp. e Tylenchulus semipenetrans também ocorrem com frequência. Dependendo da cultura e da região, eles podem representar riscos expressivos à produção.

Métodos para identificação de nematoides

A identificação de nematoides pode ser realizada por diferentes técnicas. A escolha ideal depende tanto da estrutura disponível quanto da finalidade do diagnóstico. Veja abaixo as principais abordagens:

  • Análise laboratorial de solo e raízes: Sem dúvida, é o método mais confiável. Ele permite quantificar os organismos e identificar as espécies com precisão.
  • Observação de sintomas em campo: Embora seja útil como ponto de partida, os sintomas visuais podem ser confundidos com outras deficiências ou doenças.
  • Microscopia: Essencial para visualizar ovos, juvenis e cistos. Com ela, é possível diferenciar com segurança os principais grupos.
  • Testes moleculares (PCR e DNA barcoding): Cada vez mais utilizados em centros de pesquisa, esses métodos oferecem agilidade e especificidade na identificação.

Como você pode perceber, uma abordagem integrada aumenta as chances de sucesso no manejo. Ignorar o diagnóstico técnico pode levar a decisões equivocadas — e perdas acumuladas.

Como começar a estudar nematoides?

Para quem deseja se aprofundar no tema, algumas estratégias facilitam o aprendizado:

  • Participe de minicursos e capacitações: Universidades, eventos agrícolas e instituições técnicas costumam oferecer formações práticas em nematologia.
  • Consulte materiais técnicos e científicos: Cartilhas, artigos e vídeos especializados ajudam a reforçar a compreensão da morfologia e da taxonomia.
  • Realize observações em campo e laboratório: Coletar amostras, montar lâminas e usar a microscopia são passos que constroem a experiência prática.
  • Aprenda a reconhecer estruturas-chave: Características como cauda, esôfago e estilete são cruciais para diferenciar as espécies corretamente.

Com o tempo e a prática contínua, torna-se possível reconhecer padrões e agir com mais confiança diante dos sintomas observados nas lavouras.

Conclusão: diagnóstico é o ponto de partida

Em resumo, a identificação de nematoides é uma etapa estratégica para qualquer sistema agrícola. Ignorar esse passo aumenta os riscos de falhas no controle, eleva custos com insumos e pode agravar os danos causados. Em contrapartida, investir em diagnóstico técnico garante mais assertividade nas decisões e favorece a sustentabilidade produtiva.

Sendo assim, adotar práticas baseadas em conhecimento científico e capacitação contínua não é apenas uma vantagem competitiva — é, sobretudo, uma necessidade para quem busca uma agricultura mais eficiente e equilibrada.ecessidade para quem deseja lavouras mais produtivas e resilientes.

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