Por: Diro Hokari
O controle de pragas continua sendo um dos maiores desafios enfrentados pela produção agrícola. Durante décadas, a principal solução adotada envolveu o uso intensivo de defensivos químicos. No entanto, com o avanço da biotecnologia e da ciência do solo, o uso de microrganismos no controle de pragas passou a se destacar como uma alternativa cada vez mais eficiente, econômica e ambientalmente segura.
Esses agentes biológicos interagem diretamente com os insetos-praga e patógenos. Como consequência, reduzem os ataques às culturas e promovem o equilíbrio ecológico. E o melhor: realizam essa função com baixo risco para o ambiente, para os trabalhadores do campo e também para o consumidor final.
Como os microrganismos atuam no controle de pragas?
A ação dos microrganismos com função biocontroladora pode se dar de diversas formas. Em geral, o processo envolve alta especificidade e menor interferência nos organismos benéficos. Veja os principais mecanismos:
- Parasitismo direto: fungos colonizam o corpo do inseto, levando-o à morte por esgotamento;
- Produção de toxinas e enzimas: essas substâncias afetam o sistema digestivo, nervoso ou imunológico das pragas.
Dessa maneira, o ataque ocorre de forma seletiva, favorecendo o controle eficaz sem comprometer a biodiversidade do agroecossistema. Por isso, essa abordagem se torna uma aliada importante dentro do manejo integrado.
Fungos entomopatogênicos no controle de pragas
Quando falamos em microrganismos no controle de pragas, os fungos entomopatogênicos aparecem entre os mais estudados e aplicados no campo. Abaixo, destacamos os principais:
- Beauveria bassiana: infecta e elimina percevejos, moscas e diversas larvas;
- Metarhizium anisopliae: altamente eficaz contra formigas, cigarrinhas e pragas de solo;
- Lecanicillium spp.: recomendado para controle de pulgões, moscas-brancas e cochonilhas.
Esses fungos, geralmente, são formulados comercialmente e aplicados via pulverização, permitindo alcançar áreas amplas com precisão. Ainda assim, a escolha do produto exige análise técnica para garantir eficiência sob diferentes condições ambientais.
Microrganismos bacterianos no controle de pragas
Além dos fungos, algumas bactérias se destacam por sua eficácia e versatilidade no combate às pragas. Um exemplo clássico é:
- Bacillus thuringiensis (Bt): essa bactéria produz toxinas letais para larvas de insetos, sendo amplamente utilizada em culturas como milho, soja e algodão.
Sua aplicação costuma ser feita por pulverização, em sistemas convencionais, orgânicos ou agroecológicos. Por isso, o Bt é uma das ferramentas mais acessíveis e seguras dentro da estratégia biológica.
Principais benefícios dos microrganismos no controle de pragas
A adoção de fungos e bactérias no controle biológico oferece uma série de vantagens. Entre elas, podemos destacar:
- Redução do uso de defensivos químicos, minimizando riscos à saúde e ao meio ambiente;
- Preservação dos inimigos naturais, como joaninhas, aranhas e vespas parasitóides;
- Menor risco de resistência, pois os agentes atuam por múltiplos mecanismos;
- Compatibilidade com sistemas sustentáveis, incluindo agricultura orgânica e agroecologia.
Além disso, o uso de microrganismos no controle de pragas está alinhado com os princípios da agricultura regenerativa. Ou seja, promove um solo mais saudável e uma produção mais resiliente.
Boas práticas para aplicar microrganismos no campo
Apesar de serem naturais, os microrganismos exigem cuidados específicos para garantir sua eficácia. Portanto, considere as seguintes recomendações:
- Respeite as condições ambientais: umidade, temperatura e radiação influenciam diretamente a sobrevivência e o desempenho dos agentes biológicos;
- Faça o armazenamento correto: mantenha os produtos longe da luz e do calor, sempre dentro da validade;
- Realize a aplicação no momento certo: de preferência, no início da infestação;
- Evite misturas incompatíveis: produtos químicos não compatíveis podem inativar os microrganismos, reduzindo sua ação.
Com apoio técnico e monitoramento constante, é possível integrar esses organismos ao MIP (Manejo Integrado de Pragas), elevando a sustentabilidade da lavoura.
Conclusão: um caminho cada vez mais viável
O uso de microrganismos no controle de pragas representa um avanço real na direção de uma agricultura mais eficiente, limpa e equilibrada. À medida que aumentam as exigências por práticas sustentáveis, cresce também a necessidade de soluções que respeitem os ciclos naturais.
Por isso, investir em tecnologias biológicas não é apenas uma tendência — trata-se de uma estratégia inteligente para garantir produtividade, preservar recursos naturais e atender a um mercado cada vez mais exigente.o estratégico para quem deseja alinhar produtividade com responsabilidade ambiental.
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