Por: Tamiris Gomes
Por que investir na edição gênica de microrganismos do solo?
Os microrganismos do solo — como bactérias, fungos e actinobactérias — exercem funções vitais para a saúde dos ecossistemas agrícolas. Eles participam da ciclagem de nutrientes, promoção do crescimento vegetal, controle biológico de pragas e regeneração do solo. No entanto, nem sempre essas funções são expressas com intensidade ideal, principalmente em solos degradados ou sob estresse climático.
Com isso, a edição gênica de microrganismos do solo surge como uma estratégia para otimizar o desempenho desses organismos, tornando-os mais eficazes e adaptáveis às necessidades do campo.
Avanços recentes na edição gênica de microrganismos do solo
Por isso, as tecnologias de edição gênica de microrganismos do solo, como CRISPR-Cas9, TALENs e ZFNs, permitem realizar alterações específicas no genoma e, assim, potencializar funções importantes. Entre os avanços mais relevantes para a agricultura, destacam-se:
- Aumento da eficiência na fixação biológica de nitrogênio, por meio da modificação de genes ligados à atividade da enzima nitrogenase;
- Melhoria da tolerância ao estresse abiótico, como seca, salinidade ou acidez;
- Aprimoramento da produção de metabólitos secundários, fortalecendo o controle biológico;
- Facilitação da colonização da rizosfera, por meio de ajustes genéticos em exopolissacarídeos.
Além disso, técnicas como multiplex CRISPR já permitem a edição simultânea de múltiplos genes, acelerando o desenvolvimento de cepas com características combinadas.
Benefícios práticos da edição gênica de microrganismos do solo
Embora muitas dessas tecnologias ainda estejam em fase experimental, os resultados obtidos em ambientes controlados são promissores. Quando aplicadas corretamente, as cepas editadas podem:
- Reduzir a dependência de insumos sintéticos;
- Regenerar solos degradados com mais rapidez;
- Melhorar a interação planta-microrganismo;
- Aumentar a eficiência no uso de água e nutrientes.
Desafios éticos, regulatórios e técnicos
Apesar de todo o potencial, o uso de edição gênica de microrganismos do solo ainda enfrenta diversas barreiras éticas, regulatórias e técnicas. Além disso, entre os principais desafios, destacam-se:
- Falta de regulamentação clara no Brasil;
- Preocupações com impactos ambientais;
- Resistência de parte do setor produtivo e dos consumidores.
No entanto, com protocolos de biossegurança adequados e comunicação transparente, esses obstáculos podem ser superados de forma gradual.
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