Como Lidar com Nematoides no Café

Por: Diro Hokari

Os nematoides no café são responsáveis por prejuízos significativos na cafeicultura brasileira. Embora sejam invisíveis a olho nu, esses microrganismos atacam diretamente as raízes do cafeeiro, comprometendo seu desenvolvimento e, por consequência, a produtividade da lavoura.

Neste artigo, você vai entender quais são os principais tipos de nematoides que afetam o café, identificar os sintomas mais comuns e, além disso, aprender como mitigar os danos de forma sustentável, com foco na saúde do solo.

Por que os Nematoides no Café São um Problema Grave?

De modo geral, os nematoides vivem no solo e alimentam-se das células das raízes, o que dificulta a absorção de água e nutrientes. Com isso, a planta passa a apresentar sintomas semelhantes a deficiências nutricionais ou estresse hídrico — o que torna o diagnóstico mais complexo e, muitas vezes, tardio.

Além disso, como os danos ocorrem na parte subterrânea, é comum que o produtor só perceba o problema quando a produtividade já está comprometida. Dessa forma, os nematoides no café representam um desafio constante, porém silencioso.

Espécies de Nematoides que Afetam a Cafeicultura

Na prática, as espécies mais comuns e prejudiciais na cafeicultura incluem:

  • Meloidogyne exigua (nematoide das galhas): provoca o surgimento de galhas (nódulos) nas raízes, dificultando o crescimento radicular e a absorção de nutrientes.
  • Pratylenchus coffeae (nematoide das lesões): causa lesões necróticas nas raízes, o que facilita infecções secundárias por fungos e bactérias.
  • Rotylenchulus reniformis (nematoide reniforme): interfere no metabolismo da planta e reduz o crescimento, especialmente em solos arenosos ou compactados.

Portanto, conhecer essas espécies é essencial para definir estratégias eficazes de controle.

Sintomas Causados por Nematoides no Café

Os sintomas variam conforme a espécie de nematoide e o estágio da infestação. No entanto, os mais frequentes incluem:

  • Clorose generalizada (amarelecimento das folhas);
  • Murcha em períodos de alta temperatura;
  • Redução no desenvolvimento vegetativo;
  • Queda na produção e na qualidade dos grãos;
  • Presença de galhas ou lesões nas raízes durante a escavação do solo.

Ainda que nem sempre visíveis de imediato, esses sinais costumam aparecer de forma irregular na lavoura, formando “reboleiras” de plantas debilitadas — o que indica fortemente a presença de nematoides no café.

Danos Agronômicos e Econômicos dos Nematoides na Cafeicultura

O ataque de nematoides pode gerar impactos severos. Entre os principais prejuízos, destacam-se:

  • Redução da longevidade do cafezal;
  • Comprometimento da uniformidade na maturação dos frutos;
  • Maior necessidade de irrigação e adubação, sem o devido retorno em produtividade;
  • Aumento dos custos com replantio, sobretudo em áreas mais afetadas.

Além disso, é importante ressaltar que esses danos, em muitos casos, não são totalmente reversíveis. Por isso, investir em prevenção é fundamental desde os primeiros anos do cultivo.

Manejo Sustentável dos Nematoides no Café

Para controlar os nematoides no café de maneira eficaz, é necessário adotar um conjunto de práticas integradas. A seguir, listamos algumas estratégias recomendadas:

  • Utilização de mudas sadias e substratos livres de contaminação;
  • Realização de análises nematológicas periódicas no solo e nas raízes;
  • Rotação de culturas com espécies não hospedeiras ou antagonistas;
  • Aplicação de bioinsumos e microrganismos como Bacillus, Pochonia e Purpureocillium;
  • Inclusão de matéria orgânica e cobertura do solo, o que favorece a microbiota benéfica;
  • Seleção de cultivares com maior tolerância genética, sempre que disponível.

Portanto, ao combinar essas ações, é possível interromper o ciclo dos nematoides e promover um ambiente mais equilibrado para o desenvolvimento do cafeeiro.

Conclusão: Monitoramento é Essencial Contra Nematoides no Café

Apesar de sua atuação silenciosa, os nematoides no café comprometem severamente o potencial produtivo da lavoura. Nesse sentido, o monitoramento contínuo, aliado ao uso de bioinsumos e ao fortalecimento da saúde do solo, surge como a melhor forma de evitar perdas expressivas.

Em síntese, prevenir é mais econômico e eficiente do que remediar uma infestação avançada. Assim, o sucesso na produção de café passa, inevitavelmente, pela atenção aos detalhes invisíveis do solo.

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