Por: Paula Piazzalunga
O cultivo de cana-de-açúcar ocupa posição de destaque no agronegócio brasileiro. Contudo, o uso intensivo de insumos químicos tem colocado em xeque a sustentabilidade dos sistemas convencionais de produção. Diante disso, os bioinsumos vêm ganhando cada vez mais espaço, não apenas como solução ecológica, mas também como ferramenta estratégica para ganhos de produtividade e regeneração do solo.
Neste artigo, exploramos como os bioinsumos estão transformando a cadeia produtiva da cana, desde o preparo do solo até o corte final, além de apresentar os principais desafios e oportunidades de mercado.
O que são bioinsumos e por que aplicá-los na cana?
Bioinsumos são produtos de origem biológica – como microrganismos, extratos vegetais, compostos fermentados e biofertilizantes – utilizados para melhorar o desenvolvimento das plantas, a saúde do solo e o controle de pragas e doenças. No caso da cana-de-açúcar, uma cultura de ciclo longo e alta exigência nutricional, o uso de soluções biológicas pode promover não apenas maior produtividade, mas também mais sustentabilidade.
Além disso, o uso de bioinsumos favorece práticas regenerativas, como a redução da compactação, o aumento da atividade microbiana do solo e o equilíbrio da rizosfera, gerando impactos positivos tanto no rendimento agrícola quanto na longevidade dos canaviais.
Panorama do mercado de bioinsumos na cana-de-açúcar
O mercado de bioinsumos no Brasil cresce em ritmo acelerado, especialmente nas culturas tecnificadas. No setor sucroenergético, esse crescimento é ainda mais evidente. Segundo dados da Embrapa e do Mapa, a cana está entre as três culturas que mais adotam bioinsumos no país, junto com soja e milho.
Entre os produtos mais utilizados destacam-se:
- Inoculantes microbianos com bactérias fixadoras de nitrogênio, como Gluconacetobacter diazotrophicus;
- Fungos entomopatogênicos e nematicidas biológicos para controle de pragas do solo;
- Biofertilizantes líquidos para aplicação via foliar ou fertirrigação, promovendo maior eficiência nutricional;
- Condicionadores biológicos aplicados no sulco de plantio, que regeneram a microbiota e melhoram o enraizamento.
Com isso, produtores têm observado melhor arranque inicial, maior aproveitamento de nutrientes, e redução significativa do uso de defensivos convencionais.
Vantagens práticas no campo
Além do apelo ambiental, os bioinsumos oferecem ganhos agronômicos concretos:
- Incremento da produtividade por hectare;
- Redução do custo com insumos sintéticos, em especial nitrogênio e fungicidas;
- Diminuição de resistência de pragas e doenças ao longo dos ciclos;
- Fortalecimento do sistema radicular e maior tolerância ao estresse hídrico.
Vale destacar que, por atuarem em múltiplas frentes – como a nutrição, defesa e regeneração – os bioinsumos também ampliam a resiliência dos canaviais frente às mudanças climáticas.
Desafios e perspectivas para o setor
Embora o cenário seja positivo, a adoção de bioinsumos na cana ainda exige planejamento técnico e capacitação. Os principais desafios incluem:
- A variabilidade de eficácia em diferentes solos e regiões;
- A falta de padronização entre produtos no mercado;
- A necessidade de compatibilização com práticas mecanizadas de larga escala.
Contudo, com o avanço da pesquisa e desenvolvimento, novas soluções estão surgindo com melhor formulação, maior shelf-life e aplicabilidade em grandes áreas. Isso demonstra que os bioinsumos não são apenas uma tendência, mas sim parte do futuro da produção de cana-de-açúcar no Brasil.
Conclusão
A adoção de bioinsumos na cana-de-açúcar representa uma mudança estratégica na forma de produzir, alinhando alta performance com sustentabilidade e regeneração. Ao integrar tecnologias biológicas desde o preparo do solo até a colheita, produtores conquistam mais produtividade, mais equilíbrio ecológico e, principalmente, mais resiliência diante dos desafios do setor.
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