Bacillus spp. e sua ação contra doenças foliares e do solo

Por: Loangela

No cenário atual da agricultura sustentável, os microrganismos benéficos ganham cada vez mais espaço, especialmente como alternativas eficazes ao uso intensivo de defensivos químicos. Entre eles, destaca-se o gênero Bacillus spp., justamente por seu amplo espectro de ação contra patógenos e por sua notável adaptabilidade a diversos tipos de solo e cultura. Nesse contexto, o uso de Bacillus no controle biológico tem se consolidado como uma solução prática, acessível e, acima de tudo, altamente eficaz para o manejo de doenças foliares e radiculares.

Neste artigo, você vai entender como essas bactérias atuam. Além disso, verá quais espécies são mais utilizadas e, por fim, compreenderá de que forma elas contribuem significativamente para a saúde das plantas e a regeneração do solo.

O que são Bacillus spp.?

Bacillus é um gênero de bactérias formadoras de esporos, gram-positivas, amplamente distribuídas em solos agrícolas, matéria orgânica em decomposição e na rizosfera das plantas. Além disso, por possuírem a capacidade de formar esporos altamente resistentes ao calor, à radiação e à dessecação, essas bactérias tornam-se ideais para formulações comerciais de bioinsumos.

As espécies mais utilizadas no campo incluem:

Bacillus subtilis
Bacillus amyloliquefaciens
Bacillus thuringiensis
Bacillus pumilus
Bacillus velezensis

De modo geral, cada uma dessas espécies apresenta mecanismos distintos de atuação e, por essa razão, consegue se adaptar a diferentes sistemas de cultivo e objetivos de manejo.

Como o Bacillus atua no controle biológico?

No controle biológico, o Bacillus atua por múltiplos mecanismos. Por isso, é considerado um agente versátil e potente contra patógenos fúngicos e bacterianos. A seguir, veja os principais modos de ação:

1. Produção de compostos antimicrobianos

Além disso, Bacillus spp. produzem lipopeptídeos — como surfactina, iturina e fengicina — que, por sua vez, inibem diretamente o crescimento de fungos fitopatogênicos, tais como Fusarium spp., Sclerotinia spp. e Rhizoctonia solani.

2. Colonização competitiva da superfície foliar e da rizosfera

Formam biofilmes estáveis que ocupam espaço e impedem a fixação de patógenos. Além disso, consomem recursos antes dos agentes nocivos, dificultando sua sobrevivência.

3. Indução de resistência sistêmica nas plantas (ISR)

Além disso, algumas espécies de Bacillus estimulam as defesas naturais das plantas, mesmo na ausência do patógeno, o que cria um estado de alerta fisiológico semelhante ao de uma “vacina vegetal”.

4. Solubilização de nutrientes

Além do controle biológico, os Bacillus spp. também atuam como bioestimulantes, pois solubilizam fósforo, potássio e outros nutrientes. Como consequência, promovem melhor desenvolvimento radicular e maior vigor das plantas.

Doenças controladas com Bacillus

Diante disso, as formulações com Bacillus spp. têm se mostrado eficazes contra uma ampla gama de doenças, tanto foliares quanto de solo:

Foliares: míldio, oídio, antracnose, mancha-alvo, mancha-parda;
Radiculares: murcha de Fusarium, podridão radicular, tombamento de mudas, mofo-branco, Rhizoctoniose.

Sua aplicação pode ser feita por via foliar, em tratamento de sementes ou diretamente no solo, conforme a formulação e o alvo biológico.

Vantagens do uso de Bacillus spp. no manejo agrícola

1. Alta estabilidade e facilidade de armazenamento

Por serem esporulados, os produtos à base de Bacillus apresentam longa vida de prateleira, podendo ser armazenados e transportados sem refrigeração.

2. Compatibilidade com outras práticas e insumos

Bacillus pode ser integrado a programas de Manejo Integrado de Doenças (MID) e Manejo Regenerativo do Solo, inclusive em conjunto com compostos orgânicos e outros microrganismos.

3. Baixo impacto ambiental

Como não deixam resíduos tóxicos, esses bioinsumos são especialmente indicados para a agricultura orgânica, sistemas agroecológicos e, além disso, para propriedades que buscam certificações sustentáveis.

Cuidados no uso e formulações

Embora seja resistente, o Bacillus pode ter sua eficácia comprometida por:

Aplicação em horários de sol intenso ou alta radiação UV;
Misturas com produtos químicos incompatíveis;
Solo excessivamente ácido ou com baixo teor de matéria orgânica.

Portanto, é importante seguir as recomendações técnicas do fabricante e realizar testes de compatibilidade em campo.

Considerações finais

Atualmente, o uso de Bacillus no controle biológico representa uma estratégia moderna, segura e eficiente para o manejo de doenças agrícolas. Além disso, mais do que um simples substituto para fungicidas químicos, essas bactérias atuam como verdadeiras aliadas do solo, da planta e, consequentemente, do produtor.

Ao integrar Bacillus spp. ao planejamento agrícola, é possível reduzir custos com defensivos, aumentar a resiliência das lavouras e fortalecer a saúde do solo — sem abrir mão da produtividade.

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