Por: Jorge Mairink
Em um cenário de mudanças climáticas intensas e aumento na frequência de eventos extremos, como secas severas, enchentes e deslizamentos de terra, a agricultura convencional tem mostrado suas limitações. Nesse contexto, a agricultura regenerativa surge como uma estratégia eficaz para mitigação de desastres, promovendo a resiliência do solo e a saúde dos ecossistemas agrícolas.
Solos vivos e sua importância na mitigação de desastres
Antes de mais nada, é essencial compreender que o solo saudável funciona como uma esponja natural. Quando bem manejado, ele é capaz de absorver e reter água, reduzindo significativamente o risco de enxurradas e inundações. Por outro lado, solos compactados e degradados tendem a repelir a água da chuva, agravando a erosão e os alagamentos.
A agricultura regenerativa, ao priorizar práticas como o plantio direto, a rotação de culturas, o uso de bioinsumos microbiológicos e a cobertura do solo com plantas ou compostagem, favorece sua estruturação. Dessa forma, sua capacidade de infiltração e retenção hídrica aumenta, ajudando a controlar o escoamento superficial e minimizar danos causados por desastres naturais.
Cobertura vegetal como estratégia contra erosões e enchentes
A exposição constante do solo, típica de sistemas agrícolas convencionais, contribui para o desgaste acelerado da camada fértil. Em contrapartida, práticas regenerativas mantêm a superfície sempre coberta, seja por palhada, seja por plantas vivas.
Além disso, a cobertura vegetal contínua protege o solo contra a força das chuvas, evitando a formação de ravinas e o transporte de sedimentos. Como resultado, corpos hídricos sofrem menos com o assoreamento — um fator que agrava enchentes e compromete a disponibilidade hídrica, especialmente em períodos críticos.
Biodiversidade e regulação climática na mitigação de desastres
A diversidade biológica é outro pilar da agricultura regenerativa que contribui para a mitigação de desastres naturais. Sistemas mais biodiversos tendem a ser mais estáveis e menos vulneráveis a pragas, doenças ou desequilíbrios provocados por extremos climáticos.
Do mesmo modo, solos ricos em matéria orgânica sequestram mais carbono, o que ajuda na regulação do microclima local e na redução dos efeitos do aquecimento global. Isso não apenas diminui a intensidade de eventos extremos, como também garante maior previsibilidade às estações agrícolas.
Recuperação de áreas degradadas e aumento da resiliência
Áreas anteriormente improdutivas podem ser regeneradas com técnicas como cobertura verde, rotação de culturas, espécies fixadoras de nitrogênio e bioinsumos. Tais práticas restauram o ecossistema do solo e, simultaneamente, aumentam sua resiliência a estresses ambientais.
Em regiões suscetíveis à desertificação, por exemplo, a regeneração ativa permite manter a produtividade, mesmo com chuvas irregulares. Com isso, comunidades rurais enfrentam menos perdas econômicas e estão mais preparadas para lidar com adversidades.
Integração com políticas de mitigação de desastres e sustentabilidad
Por fim, a agricultura regenerativa pode ser integrada a políticas públicas de adaptação climática e estratégias de mitigação de desastres. Com evidências crescentes de seus benefícios, produtores que adotam essas práticas tornam-se aliados estratégicos na contenção de riscos ambientais.
Além disso, esse modelo é compatível com sistemas de certificação e créditos de carbono, o que amplia sua viabilidade econômica e favorece a transição para uma agricultura mais segura e sustentável.
Conclusão
A agricultura regenerativa vai muito além do aumento da produtividade. Ela representa uma mudança de paradigma que transforma o solo em solução, e não em problema. Por meio da valorização da vida no solo, do uso inteligente dos recursos naturais e da adoção de práticas integradas, é possível promover a mitigação de desastres naturais e garantir a segurança alimentar em longo prazo.
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