Por: Tamiris Gomes
O avanço dos bioinsumos no Brasil não é apenas uma tendência do mercado, mas uma política estratégica de Estado voltada à sustentabilidade, inovação e autonomia produtiva. Com o lançamento do Programa Nacional de Bioinsumos (PNB), o governo federal busca estruturar ações que facilitem o acesso, o desenvolvimento e o uso responsável dessas tecnologias na agropecuária brasileira.
Ao articular políticas públicas, redes de pesquisa e iniciativas privadas, o programa contribui para fortalecer a saúde do solo, reduzir a dependência de insumos químicos e aumentar a resiliência das lavouras.
O que é o Programa Nacional de Bioinsumos?
Instituído pelo Ministério da Agricultura, o PNB tem como objetivo fomentar a pesquisa, a produção, o registro e, além disso, a aplicação de bioinsumos no campo. Nesse contexto, estão incluídos microrganismos, extratos vegetais, defensivos biológicos, inoculantes e produtos derivados de fermentação, todos voltados para a nutrição vegetal, o controle biológico e, por fim, a regeneração do solo.
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Mais do que incentivar o uso, o programa promove uma mudança de paradigma no modelo produtivo, priorizando práticas agroecológicas, regenerativas e baseadas no uso eficiente da biodiversidade brasileira.
Principais eixos de atuação do PNB
O programa está estruturado em seis eixos estratégicos, que atuam de forma complementar para promover a bioeconomia no agro:
- Incentivo à pesquisa e inovação em universidades, centros de tecnologia e instituições como Embrapa, com foco na descoberta de novos agentes biológicos;
- Criação de biofábricas públicas e privadas, permitindo maior autonomia regional na produção de bioinsumos;
- Desburocratização dos processos de registro, especialmente para produtos com histórico de uso seguro e eficácia comprovada;
- Capacitação técnica de produtores e extensionistas, por meio de redes como o ReBio – Rede de Inovação em Bioinsumos;
- Promoção de arranjos produtivos locais (APLs) para que cooperativas, associações e municípios tenham acesso facilitado à produção e uso de bioinsumos;
- Articulação com políticas ambientais e de crédito rural, incluindo linhas de financiamento voltadas à agricultura sustentável.
Essas ações criam, gradualmente, um ecossistema de inovação e sustentabilidade que beneficia não apenas o produtor, mas também o meio ambiente e a sociedade.
Redes de inovação e impacto no campo
Com o apoio do PNB, diversas redes de inovação vêm se consolidando no país. Um exemplo é a Rede Federal de Bioinsumos, que conecta instituições públicas, universidades e empresas em projetos colaborativos de P&D. Além disso, há iniciativas regionais voltadas à multiplicação de microrganismos on farm, seguindo protocolos padronizados de qualidade.
O impacto no campo já é visível. Muitos produtores, inclusive de pequenas e médias propriedades, passaram a adotar inoculantes, biocontroles e biofertilizantes com maior segurança técnica e respaldo institucional. Isso favorece a sustentabilidade das lavouras, a recuperação de solos degradados e a redução do custo com insumos importados.
Avanços e desafios para consolidar o setor
Apesar das conquistas, a consolidação do mercado de bioinsumos ainda enfrenta desafios estruturais. Entre eles:
- Falta de regulamentação específica para alguns tipos de bioinsumos produzidos na fazenda;
- Ausência de assistência técnica continuada em algumas regiões;
- Baixa difusão de tecnologias entre produtores convencionais.
Por outro lado, com a evolução das políticas públicas, o fortalecimento de redes de inovação e o aumento da demanda por alimentos de menor impacto ambiental, o setor tende a crescer de forma consistente nos próximos anos.
Conclusão
O Programa Nacional de Bioinsumos representa um marco na transição agroecológica do Brasil. Ao incentivar a produção nacional, o uso responsável e a pesquisa de bioinsumos, o país dá um passo importante rumo a uma agropecuária regenerativa, eficiente e conectada com as demandas ambientais do século XXI.
A articulação entre governo, ciência e produtores é, sem dúvida, o caminho mais promissor para consolidar um novo modelo de agricultura: mais viva, mais equilibrada e menos dependente de insumos externos.
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