Por: Jennifer Suelem
A agricultura regenerativa propõe um novo olhar sobre o manejo de pragas e doenças. Em vez de combatê-las de forma isolada e reativa, a abordagem regenerativa busca compreender o ecossistema agrícola como um todo. A partir disso, o controle deixa de ser baseado apenas em insumos e passa a ser construído com base na biodiversidade, no equilíbrio biológico e na saúde do solo.
Ecossistemas equilibrados são naturalmente mais resistentes
Em solos vivos e sistemas biodiversos, as pragas e doenças têm menos espaço para se instalar. Isso acontece porque o ambiente oferece maior competição biológica, presença de inimigos naturais e condições menos favoráveis para o avanço de organismos patogênicos.
Por exemplo, um solo com boa cobertura vegetal e alta diversidade microbiológica tende a apresentar menos surtos de doenças fúngicas. Além disso, o cultivo consorciado e a rotação de culturas quebram o ciclo de vida de muitas pragas, reduzindo a necessidade de intervenções químicas.
Manejo biológico: o coração do controle regenerativo
No contexto regenerativo, o controle biológico deixa de ser apenas uma alternativa e se torna o pilar central do manejo fitossanitário. O uso de agentes naturais, como bactérias, fungos e insetos benéficos, permite um controle eficaz e duradouro, sem desequilibrar o ambiente.
Além disso, o uso de bioinsumos compatíveis com a microbiologia do solo ajuda a fortalecer as plantas desde a raiz. Com um sistema radicular mais ativo e protegido, as plantas se tornam mais resistentes ao ataque de patógenos e insetos.
É importante lembrar que, mesmo em sistemas regenerativos, a observação constante e o monitoramento integrado ainda são indispensáveis. A diferença está na forma como se age: não para eliminar, mas para reequilibrar.
Práticas agrícolas que fortalecem o sistema
Diversas práticas regenerativas contribuem para o manejo preventivo de pragas e doenças:
- Cobertura vegetal constante: protege o solo, reduz a temperatura superficial e abriga inimigos naturais;
- Rotação e consórcio de culturas: quebra ciclos de patógenos e diversifica o ambiente;
- Adubação orgânica e biofertilizantes: nutrem o solo e fortalecem o sistema imune das plantas;
- Uso de sementes adaptadas: variedades mais resistentes ao contexto local diminuem a incidência de doenças;
- Controle biológico conservativo: cria habitat para predadores naturais, como joaninhas e vespas parasitoides.
Com a aplicação conjunta dessas práticas, o ambiente se torna mais estável. Assim, mesmo que ocorra a presença de pragas, o impacto tende a ser significativamente menor.
Menos dependência de defensivos e mais eficiência
A busca por ambientes regenerativos está diretamente ligada à redução do uso de defensivos químicos. Ainda que, em casos específicos, o uso pontual seja necessário, a frequência e intensidade do uso tendem a diminuir drasticamente.
Isso gera ganhos não apenas ambientais, mas também econômicos. Afinal, os custos com insumos reduzem-se à medida que o sistema se equilibra naturalmente. Além disso, o produtor passa a contar com uma lavoura mais resiliente, o que representa maior previsibilidade e segurança na produção.
Monitoramento e tomada de decisão
Apesar do foco regenerativo, o uso de tecnologias de monitoramento segue sendo essencial. Imagens de satélite, armadilhas inteligentes e aplicativos de mapeamento podem ser grandes aliados na identificação precoce de focos de infestação.
A tomada de decisão deve considerar o nível de dano econômico, a presença de inimigos naturais e o estado geral do solo e das plantas. Com essas informações, torna-se possível intervir de forma mais precisa, sustentável e integrada.
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