Por: Jorge Vitalino
Bioinsumos na agricultura de baixa emissão de carbono têm ganhado destaque como soluções estratégicas para transformar o setor agropecuário em uma atividade mais sustentável, eficiente e alinhada às metas globais de mitigação climática. Esses insumos biológicos oferecem alternativas viáveis para nutrir o solo, proteger as plantas e, ao mesmo tempo, reduzir a pegada de carbono da produção agrícola.
Ao integrar microrganismos, compostos orgânicos e extratos vegetais ao manejo, os bioinsumos promovem uma agricultura mais viva, resiliente e regenerativa. Além disso, contribuem para a saúde dos agroecossistemas e para a estabilidade produtiva a longo prazo.
Agricultura de baixa emissão de carbono: o que isso representa na prática?
A agricultura de baixa emissão de carbono busca, sobretudo, reduzir a liberação de gases de efeito estufa (GEE), como dióxido de carbono (CO₂), metano (CH₄) e óxido nitroso (N₂O), provenientes de práticas agrícolas convencionais. Para alcançar esse objetivo, ela adota estratégias integradas, que envolvem:
- O sequestro de carbono no solo;
- A substituição de insumos sintéticos por alternativas biológicas;
- A intensificação sustentável dos sistemas produtivos.
Nesse contexto, os bioinsumos na agricultura de baixa emissão de carbono oferecem soluções completas que, além de reduzir as emissões, aumentam a eficiência do uso de recursos naturais e diminuem a dependência de insumos externos.
Como os Bioinsumos na Agricultura de Baixa Emissão de Carbono reduzem os gases de efeito estufa?
1. Fixação biológica do nitrogênio: redução de fertilizantes industriais
Em primeiro lugar, vale destacar o papel dos bioinsumos inoculantes, compostos por bactérias fixadoras de nitrogênio como Azospirillum e Rhizobium. Esses microrganismos substituem parcialmente os fertilizantes nitrogenados industriais, cuja produção e aplicação estão entre os maiores emissores de GEE no agro.
Além disso, a fixação biológica diminui significativamente o risco de perdas por lixiviação e a emissão de óxido nitroso, um gás com alto potencial de aquecimento global.
2. Estímulo à ciclagem de nutrientes com baixa emissão
Outro ponto importante é o uso de compostos orgânicos enriquecidos com microrganismos decompositores. Esses bioinsumos aceleram a mineralização da matéria orgânica, transformando-a em nutrientes assimiláveis pelas plantas. Como resultado, o sistema se torna mais eficiente, com menor emissão de CO₂ por unidade produzida e menor necessidade de adubações intensivas.
3. Fortalecimento da microbiologia do solo e sequestro de carbono
Quando aplicados de forma contínua, os bioinsumos microbiológicos aumentam a diversidade e a atividade de microrganismos benéficos no solo. Com isso, promovem maior estabilidade estrutural, elevam os níveis de carbono orgânico e favorecem o sequestro de carbono de longo prazo — o que está diretamente alinhado aos princípios da agricultura regenerativa.
4. Controle biológico e redução do uso de defensivos químicos
Por fim, a aplicação de bioinsumos no controle de pragas e doenças — como fungos entomopatogênicos e extratos vegetais — reduz drasticamente a necessidade de defensivos químicos sintéticos. Essa substituição diminui o consumo de energia associado à produção e aplicação desses produtos, contribuindo, portanto, para uma pegada de carbono significativamente menor.
Bioinsumos e práticas regenerativas: pilares da agricultura de baixa emissão
A adoção dos bioinsumos na agricultura de baixa emissão de carbono torna-se ainda mais eficaz quando combinada com práticas regenerativas, tais como:
- A rotação de culturas;
- O plantio direto com cobertura permanente do solo;
- A adubação orgânica e o manejo da matéria orgânica;
- O monitoramento constante da microbiota do solo.
Essas práticas, em conjunto, criam um ambiente agrícola mais equilibrado, produtivo e resiliente. Além disso, favorecem a independência de insumos externos e aumentam a capacidade de resposta do sistema produtivo frente a estresses ambientais.
Mais do que uma simples substituição de produtos, o uso de bioinsumos na agricultura de baixa emissão de carbono representa uma transição consciente para um modelo agropecuário inovador, que se antecipa aos impactos ambientais e agrega valor à produção de forma contínua e sustentável.
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